Desenvolvimento de software precisa de um Campfire
Você vai sempre querer os melhores desenvolvedores. Ou ao menos os mais adequados à sua empresa. Eles não estarão na sua cidade. O mundo possui 7 bilhões de pessoas, e cada uma pode ter os seus bons motivos para escolher não se mudar ou deslocar-se grandes distâncias diariamente. Obrigá-la a isso trará problemas como custos com deslocamento e insatisfação com a mudança física. E não leve a mal: a pessoa não é acomodada apenas por não querer deixar amigos.
Limitações. Ao menos a distância física não é mais uma. Estamos no século XXI.
Contratar pessoas remotas não significa necessariamente fechar contrato com indonésios (apesar de poder te adicionar muito no quesito cultural); um empregado remoto pode estar numa cidade vizinha ou mesmo na periferia do mesmo município. Porque definitivamente desenvolvedores não precisam estar no mesmo espaço físico para desempenharem o próprio trabalho.
Apesar do que pode aparecer à primeira vista, o trabalho de desenvolvedor não é apenas fazer deploy de funcionalidades. Este, precisa de um ambiente de troca de informação constante e descontração. Ele é como o próprio escritório, onde você pode parar para trocar uma ideia sobre a necessidade ou não de ponto e vírgula no JavaScript durante um café. Uma taxa de entrega anormalmente alta de pontos no Pivotal Tracker pode ser sinal de um projeto bem sucedido, mas também de cansaço e introdução de bugs que serão detectados apenas meia dúzia de sprints adiante. Como qualquer profissional, a ideia é que tenha tempo para conseguir esfriar a cabeça e se auto-aperfeiçoar. Problemas estes resolvidos reunindo os interessados na mesma sala; e não é à toa que um grupo de discussão do Campfire é chamado de room.
O Campfire não tem nenhuma magia negra. É apenas um chat. Pessoas digitam mensagens que membros do grupo podem ler. Com um diferencial de uso: nem toda mensagem precisa ser lida instantaneamente. Quando essa necessidade realmente existe, você tem… mensageiros instantâneos (como Google Talk ou Skype), que seguem funcionando perfeitamente. Mas que tipo de mensagem enviaria num chat da empresa (ou da equipe)? O mesmo que diria em voz alta na sala física: “Pessoal, alguém conhece uma biblioteca para ajudar a criar permissões compatível com Rails 4.1?”, “O Ruby 2.1 não é carregado corretamente no meu projeto. Estou usando o rbenv.”, “O que vocês acham dessa aparência para o autocomplete?“ ou “Não podemos enviar a senha do usuário por e-mail. Tenho como contornar isso sem sair da página atual?”. Todas fazem parte de alguma tarefa que um desenvolvedor deveria ser capaz de realizar sozinho (com ou sem ajuda do Google), mas por que não compartilhar?
Como toda sala de trabalho, nem tudo que é ouvido é referente a trabalho. O Campfire é livre para qualquer um falar sobre o filme que assistiu no fim de semana, colocar o artigo da vez sendo compartilhado pelo Twitter e postar o último vídeo do Porta dos Fundos. Esse será o tipo de atitude que trará o ambiente físico do escritório para qualquer pessoa distante dele.
Uma preocupação constante de quem está entrando no mundo do Campfire é a comunicação. Apesar de ser um bom motivo para se repreender à mudança, não pode ser impeditivo. Trabalhar fisicamente remoto não impedirá — nem aumentará — problemas de comunicação, mas os deixarão mais evidentes. São dois lados da mesma moeda que podem ser aproveitados de modos diferente, caso exista interesse. Uma pessoa prolongando uma tarefa enquanto tem dificuldades e não procura ajuda, demonstra a falta de pró-atividade do profissional. Presencialmente poderia ter criado a ilusão que a dificuldade foi “demonstrada”; remoto, ela deve ser reportada diretamente.
E lembra da parte de não precisar ler as mensagens imediatamente? Você leva mais um bônus: se tiver bastante gente na sala, você pode escolher apenas escanear mensagens de determinadas pessoas com quem não está trabalhando diretamente. Esse scanning pode servir para num futuro lembrar que alguém já teve um determinado problema que atualmente te incomoda, por exemplo. Servirá para saber o que acontece na empresa. De um modo que trabalhar presencialmente não permitiria. E de um jeito que permitirá você ter horários mais flexíveis, talvez até para fazer cursos em um turno.
Agora talvez um dos maiores desafios de se trabalhar com Campfire é usá-lo dentro do escritório físico. O que devo falar pessoalmente e o que vai por escrito? Cada empresa pode encontrar o que se encaixa mais com o seu fluxo, mas uma forma interessante de usar é: precisa ou acha que qualquer um pode se interessar? Campfire. É imediato? Pule o mensageiro instantâneo e cutuque o colega diretamente. Você verá ganhos em satisfação e concentração da equipe.
Por isso, use o Campfire. Mesmo que não seja o da 37signals. Você tem o HipChat, um canal do IRC ou um grupo fixo em qualquer chat. Eles são apenas ferramentas, e como qualquer outra, não tem utilidade se não for usada com um propósito.
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